O meu nome é Carina. Nasci em 1975. Neste momento vivo em Gondomar, no distrito do Porto, mas a minha história não começou aqui. Nasci em Paris, para onde os meus pais emigraram. Acabaram por se conhecer lá, namorar e casar também. Por isso concordo quando dizem que Paris é a cidade do amor. Quando tinha 2 anos vim viver para Viana do Castelo, terra dos meus pais. Por aí fiquei até aos 18 anos, altura em que vim estudar para o Porto, onde acabei por ficar, depois de concluir o curso em Estudos Europeus.

A escrita e a leitura sempre me acompanharam ao longo da minha vida. Sempre gostei muito de ler e escrever. Os textos que escrevi ficaram sempre guardados para mim. Posso ter-lhos mostrado a uma ou outra pessoa, mas não fazia muita questão que fossem lidos por outros olhos.

Na escola, a disciplina de português sempre foi das minhas preferidas. Foi ela que me familiarizou com tantos livros e textos bonitos, tantas histórias incríveis, escritas pelas mãos de tantos escritores famosos. Sempre me encantou o poder que as palavras possuem, o poder que as histórias nos transmitem…os mundos para onde nos levam e as viagens que fazemos sem sair do lugar. Não consigo explicar onde fui buscar esta paixão, mas acredito que seja algo que tenha nascido comigo. Lembro-me que as professoras de português elogiavam os meus textos, mas não deixavam de dizer que tinha de ser mais sucinta. Uma grande dificuldade minha, confesso. Por isso, não consegui não esboçar um sorriso, quando soube que o escritor Thomas Wolfe, também tinha o mesmo problema, pois as suas histórias eram constantemente reduzidas a milhares de páginas.

Apesar de sempre ter trabalhado na área de eventos e comunicação, esta minha paixão nunca foi esquecida. Sempre me rodeei de pequenos cadernos onde fui escrevendo poemas, desabafos, histórias e textos à sorte … Mas, recentemente, este mundo fez ainda mais sentido para mim e assim quis torná-lo mais dos outros. Fruto de me ter envolvido num projeto de voluntariado com crianças, decidi abraçar dois mundos que me dizem tanto: o mundo da literatura e o mundo infantil. Mas sabia que teria de trabalhar e melhorar a minha forma de escrever, por isso frequentei alguns cursos e formações. Esse seria o caminho para tornar reais as histórias que viviam e vivem na minha cabeça. Dar-lhes vida, cor, associar-lhes palavras e imagens… e levá-las a todos aqueles que as quiserem ler ou ouvir. Porque as histórias, tristes e alegres, reais ou fictícias merecem sempre ser partilhadas. Elas têm a capacidade incrível de unir, de emocionar, de sensibilizar ou orientar, de abrir espaço para a criatividade e imaginação, para o conhecimento e a inspiração.

Foi assim que cheguei ao dia de hoje, com os livros que escrevo para crianças, cheios de histórias, sonhos e aventuras. Um mundo do qual acho que nunca saí, porque consegui manter tão viva aquela criança que em pequena brincou nas ruas, nos campos, nadou nos rios, brincou à bola, com bonecas, com loiças inventadas de cacos ou coisas apanhadas na natureza. Talvez hoje as crianças não tenham a sorte de viver tanto lá fora, mas ainda mantêm esta capacidade de sonhar e de olhar o mundo com um olhar tão puro e criativo. Por isso, quando estou próxima das crianças, arranco as minhas memórias do passado e volto a ser como elas. Sinto-me livre, descontraída, leve e feliz. Esta é a melhor fase da vida de qualquer indivíduo. Façamos todos nós com que ela seja verdadeiramente inesquecível e brilhante.

Mas sabia que escrever não bastava. E então, porque sei que as histórias merecem ser partilhadas, decidi tornar-me contadora de histórias, porque adoro dividir as palavras, as personagens, os mundos que existem nos livros… para que mais pessoas possam viver dentro dessas histórias, emocionar-se com elas, inspirar-se e sonhar, nem que seja por breves momentos. E esta magia, tento levá-la a qualquer lado…a uma escola, a um jardim, a uma festa, a mundos pequenos, pequeninos, grandes e grandalhões…desde que sejam mundos incríveis e que me queiram ouvir.